domingo, 1 de julho de 2012

Obrigado Mãe!





Mãe, hoje na véspera de se completar mais um giro de 17 anos, onde todos se preocupam em que tudo corra bem, em que o ter e o parecer escondem o mais importante...

Mãe, amanhã enquanto uns choram de alegria por te voltarem a ver, outros num canto distante deste mundo de Teu Filho choram por não ter o que comer...

Mãe, amanhã perdido na multidão estarei, mais um ano, sempre só mais um ano, até que já não seja preciso, ouvir foguetes estalar, luzes brilhar, ouro a luzir...

Mãe, amanhã quando milhares Te virem passar, quando centenas Te forem beijar nesse manto que guarda o encanto de mãe...

Mãe, amanhã quero falar ao Teu coração, pedir-te perdão...

Mãe, amanhã quero me renovar...

Mãe, amanhã quero só...

Mãe, amanhã olha para mim...

... e leva um beijo a quem já não posso beijar.


Poema ao Círio de Nossa Senhora da Nazaré


Para Mafra seguiu a Virgem (2010)
Paróquia de Santo André
Para honrar lá no Convento
A Senhora da Nazaré.

A freguesia de Santo Isidoro (2011)
Recebe Nossa Senhora
Recebe a Mãe e seu foro.
São compromissos de outrora.

Santo Isidoro concebe
Ao povo de Montelavar (2012)
Quem em seu ano recebe
Nazaré no seu altar.

Em Cheleiros novamente (2013)
Em seu ano com fervor
Se prepara firmemente
Para honrar a mãe do Senhor.

Vai seguir-se a Encarnação (2014)
E São Pedro da Cadeira (2015)
Que entrega com devoção
À freguesia da Ericeira. (2016)

Rumo à Senhora do Porto
Paróquia da Carvoeira (2017)
Vai a Mãe de Jesus do horto
Cedida pela Ericeira.

Cumprindo esta aliança
Com a Virgem da Pederneira
Vai S. Miguel de Alcainça (2018)
Recebê-la à Carvoeira.

Em São Miguel de Alcainça
A Terrugem faz menção (2019)
Renova-lhe a confiança
Ao receber o pendão.
Nazaré nossa Mãe querida
Com tradições bem amplas
Na Terrugem é cedida
A S. João das Lampas (2020)

Recebê-la a São João
Vai o Sobral da Abelheira (2021)
Cumprindo a tradição
Com devoção e verdade.

Ao Sobral vai S. Estêvão das Galés
Seu dever é renovado
Lá recebe o Pendão (2022)
Em compromisso sagrado.

Vai o Gradil povo irmão (2023)
Paróquia de São Silvestre
Receber a Santo Estêvão
Medianeira terrestre.

Senhora da Livramento
Paróquia da Azueira (2024)
Recebe lá no seu Templo
Mãe nossa medianeira.

Lá vai a Enxara do Bispo (2025)
Como manda a tradição
Receber a Mãe de Cristo
Mãe nossa e nosso Irmão.

Novamente Igreja Nova (2026)
Cabeça da Confraria
Seu compromisso renova
Honrando a Virgem Maria.




Baptista Simões
Jornal “O CARRILHÃO”
15 de Setembro de 2011

A Imagem Peregrina de Nossa Senhora da Nazaré



A Devoção há Senhora da Belinda, continua e continuará!

O Círio da Prata Grande ronda o concelho de Mafra á cerca de 287 anos.
Devido a falta de documentação não se pode afirmar com certeza a data ou as origens do culto à Nossa Senhora da Nazaré.
Segundo o historiador Pedro Penteado a história deste lugar sagrado encontra-se pouco documentada para o período anterior ao século XVII. Sabe-se contudo, que já era conhecido na centúria de trezentos. O culto, que decorria numa ermida litoral que o rei D. Fernando mandou alargar em 1377, centrava-se numa imagem medieval da Virgem do Leite, sob a invocação de Santa Maria de Nazaré.
Desde o século XVII foram muitos os povos, de diversas localidades, que se deslocaram em romaria para prestar devoção à Nossa Senhora da Nazaré. Estão registadas peregrinações colectivas provenientes da Pederneira, Penela, Santarém, Coimbra, Sintra, Ericeira, Colares, Mafra, São Pedro de Dois Portos, Almargem do Bispo, Óbidos, Porto de Mós, Alcobaça e Alhandra, pertencentes a cerca de 36 círios diferentes. São três os que ainda hoje estão presentes nas celebrações religiosas anuais, nomeadamente, o da Prata Grande, Penela e de Olhalvo.
Contudo, o culto à Nossa Senhora da Nazaré é anterior a esta data, apesar de não haver registos físicos do mesmo, julga-se que as peregrinações colectivas remontam ao início do século XV, e a crença na Imagem de Nossa Senhora da Nazaré começou a ganhar destaque a partir do milagre de Dom Fuas Roupinho, em 1182.
O chamado Círio da Prata Grande começou na Paróquia da Igreja Nova, há 287 anos, quando um morador do Penedo da Arrifana, João Manuel, já idoso, resolveu ir em romagem à Nazaré, montado no seu burro, para implorar a cura da sua mulher, gravemente doente. O seu pedido foi atendido e, em prova de agradecimento, deslocou-se ao Santuário da Nazaré, durante quatro anos seguidos, acompanhado por familiares e devotos das vizinhanças. O movimento de aderência por parte dos moradores da Igreja Nova e dos arredores foi enquadrado por “Confraria de Nossa Senhora da Nazaré” que teve compromisso aprovado em 1742 e que encontra actualmente, em 17 Freguesias dos Concelhos de Mafra, Sintra e Torres Vedras.

Mapa com o itenerário do Círio da Prata Grande (17 freguesias)

A Lenda da Senhora da Nazaré

Durante séculos acreditou-se que o Santuário da Senhora de Nazaré tinha sido um dos mais antigos do país, fundado na sequência do milagre da Bendita Virgem ao cavaleiro D. Fuas Roupinho, no ano de 1182.
 Apenas no século XII seria descoberta por D. Fuas Roupinho que a venerava sempre que ali se dirigia para os prazeres da caça.
Conta a Lenda da Nazaré que na manhã de 14 de Setembro de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava, nas suas terras junto ao litoral, quando avistou um veado, que de imediato começou a perseguir. De súbito, surgiu um denso nevoeiro que se levantava do mar. O veado (na versão popular, uma materialização do demónio) dirigiu-se para o topo de uma falésia. D. Fuas, no meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta na qual se venerava uma imagem de nossa Senhora a amamentar o Menino. Rogou então, num grito desesperado, à Virgem Maria: Senhora, Valei-me!. Imediata e milagrosamente o cavalo estancou fincando as patas no bico rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.
D. Fuas desceu à gruta para agradecer o milagre e de seguida mandou os seus companheiros chamar pedreiros para construírem sobre a gruta, em memória do milagre, uma pequena capela, a Capela da Memória, para ali ser exposta à veneração dos fiéis a milagrosa imagem. D. Fuas permaneceu no sítio do milagre até a obra da capela estar concluída. Antes de fecharem a gruta, os pedreiros,desfizeram o altar ali existente e encontraram um cofre em marfim, contendo algumas relíquias e um pergaminho no qual se relatava a história da pequena imagem esculpida em madeira, representando uma Virgem Negra sentada a amamentar o Menino.
Segundo o pergaminho a imagem terá sido venerada desde os primeiros tempos do cristianismo em Nazaré, na Galileia, tendo sido salva no século V, dos movimentos iconoclastas, pelo monge grego Ciríaco. Este transportou-a até ao mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida, onde permaneceu até 711, ano da batalha de Guadalete, após a qual desbaratadas pelos muçulmanos , as forças cristãs fugiram para Norte. A imagem foi então trazida por Frei Romano, monge de Cauliniana, e por D. Rodrigo, o último rei Visigodo.
Perante o avanço islâmico, o Rei e Frei Romano, um dos monges ali residentes, decidiram partir para lugar seguro, levando consigo a pequena imagem mariana um cofre  e caixa com relíquias e um relato das circunstâncias da fuga. Chegaram em Novembro de 714 ao Monte de São Bartolomeu, nas proximidades da actual Nazaré. O monarca e o monge separaram-se tendo o primeiro permanecido no local e o segundo levado o ícone e as relíquias para um monte vizinho. Aí Frei Romano para se abrigar construiu um pequeno nicho entre os rochedos, com a sua morte e a partida de D. Rodrigo para o norte, a imagem ficou esquecida na pequena lapa construída pelo monge, no actual promontório do Sítio (Nazaré).
 Esta versão do passado do santuário foi contada a primeira vez nos finais do século XVI, pelo cronista Frei Bernardo de Brito, monge Bernardo de Alcobaça.
 O relato assentava na carta de doação do Sítio por D. Fuas Roupinho, que o cronista teria descoberto no seu Mosteiro e viria a publicar na obra Monarquia Lusitana. Mas a intervenção de Frei Bernardo de Brito não se ficou por aqui. Cerca de 1600, na sequência de um voto pessoal, deslocou-se ao santuário e, com a ajuda de alguns devotos da Senhora, mandou desentulhar 
a gruta subterrânea para ali fazer uma capela. Por fim, colocou nela um letreiro em que registava a “estória” da Sagrada Imagem. Desta forma, o cronista não só alargava o espaço de culto como procedia a alterações da memória histórica, pois pela primeira vez a Virgem da Nazaré era associada a D. Fuas Roupinho.


Bandeira de Procurador - Círio da Prata Grande